seguem os seus rumos

duas águas que por momentos parecem misturar-se, mas nunca se cruzam totalmente. e fiéis às suas origens, seguem rumos diferentes.

  • Faiança pintada com aplicação de fusão de vidro, técnica de Pâte de Verre
  • Dimensões: 39 x 50 x 42 cm
  • 2010

Processo

Descrição

Inspirado nas peças de cerâmica de Tsang Cheung Shing, procura pensar a vida e a fugacidade das relações humanas contemporâneas à luz do conceito de liquidez moderna de Zygmmunt Bauman.

Neste mundo “líquido” as relações estabelecem-se com uma grande fluidez, num movimento constante e frenético. Imperam relações onde existe a dificuldade de estabelecer compromissos construindo redes de uma forma rizomática e efémera.

Podemos entender o amor na sociedade contemporânea como algo que aparece e faz com que as pessoas se sintam vivas, preenchidas e completas. Uma explosão de sentimentos tão eternos quanto a ilusão desse amor. A vida, no fundo é um jogo e uma dinâmica de relações intensas e apaixonadas, de curta duração, tendo como fundo a noção de liberdade.

Todos precisamos de alguém. Todos temos necessidade de nos sentir amados, de saber que alguém se preocupa connosco ou de chegar a casa e ter com quem partilhar o dia. Contudo, a insegurança das relações dá lugar ao medo, à prevenção, ao descrédito e leva a que se evite a entrega e grandes investimentos. O “amor líquido” de que fala Bauman, é inseguro e requer um esforço muito grande para ser mantido, o que faz com que transforme a vida numa inquietude permanente. Mas o relacionamento não é um investimento certo e cem por cento seguro. Vive-se num dilema/paradoxo se baseia na insegurança que se procura ultrapassar mas que se torna cada vez maior com o passar do tempo: a insegurança de poder ficar sozinho.

Apesar de existir o sofrimento de relações anteriores, há uma constante busca de conforto e estabilidade. De deixar-se levar pelo destino na procura por um porto seguro, o ser humano tem necessidade de criar laços e ao mesmo tempo de os tornar flexíveis. Já lá vão os tempos do “para sempre”, o amor perdeu a sua frescura, despertaram no seu interior contradições destrutivas: o ceticismo minou-lhe o ânimo.