portugal é pequenino?

se a própria estrutura não acredita, facilmente o exterior se dá conta das fragilidades e o interior se vai deteriorando.

  • Madeira de mimosa brava laminada e lenços tradicionais
  • Dimensões: 100 x 140 x 100 cm
  • 2012

Descrição

Este projeto nasce da apropriação de “Abrigo” elaborado por Alcides Rodrigues.

Partindo de um objeto construído apenas com material orgânico, assumindo uma origem “provinciana”, – liberta de técnicas, materiais e preceitos urbanos – esta expressa a sua liberdade de ação, de gesto. Reunindo um conjunto de madeiras únicas que se cruzam, se apoiam e se unem em função do mesmo, a peça torna-se consistente e autossustentada.

Porque é que não somos assim? Porque é que o Português permite que o outro, o estranho, o estrangeiro, que ignora e desrespeita a nossa linguagem e costumes, atravesse a nossa estrutura e, fiel a conceitos formais decida e resolva quando vai intervir sobre o que nos pertence? Se a própria estrutura não acredita em si mesma, facilmente o exterior se dá conta das fragilidades e o interior se vai deteriorando.

Será Portugal pequeno?

O facto de um País ocupar um espaço diminuto no globo não significa que seja pequeno. Não se avalia uma nação pela sua localização geográfica ou extensão territorial.

Portugal, aos olhos dos Portugueses, é acanhado, diminuto, saloio, tudo o que já se sabe. Contudo, questione-se se o país não será assim porque as pessoas que o habitam não acreditam nele. Muito se queixam, pouco solucionam.

Na peça podemos “ (…) em certos momentos assumir um carácter linear regrado, para no momento seguinte se tornar pela simples tensão ou ausência, em assaltos de intempestiva vontade de adulterar ou anular essa mesma regra. Inacabada, esta é uma fraqueza ou talvez uma virtude de um processo aberto que ainda agora começou, como tarefa e não como obra.” 1

No seu interior, encontra-se a nossa identidade, o que nos distingue enquanto povo português, que tal como os lenços tradicionais, se encontra rasgada, abandonada, entregue a si mesma.

Portugal está condenado! Não falemos de crise económica nem de desemprego. O seu problema reside em gerações e gerações de pessoas condenadas à ignorância.

Questione-se onde se irão abrigar os portugueses quando resolverem regressar ao seu país.


1 COLABORAÇÃO DE ALCIDES RODRIGUES