o que se faz com as mãos, com elas se sentem…

experienciar o mundo, é conhecê-lo!
por vezes deixamos que o olhar nos limite e nos deixe enganar.
conhecer o mundo é experienciá-lo com todos os sentidos.

  • 2008

Projecto II

Mote literário

“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.”


ALBERTO CAEIRO

Descrição

Formandos
Ana Paula costa, Bruno Sampaio, Cecília Leão, Lurdes Guedes, Marta Horta, Reinaldo Pacheco, Susana Vieira e Tiago Conceição.

Em parceria com a ACAPO – Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, foi desenvolvido o projeto: “o que se faz com as mãos, com elas se sente”.

“O Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caeiro, apela a que tudo o que existe na natureza seja experienciado através dos sentidos. Depois de o escutarem, e com barro nas mãos, foi pedido aos formandos da ACAPO que materializassem as suas interpretações.

Os resultados desta experiência foram cozidos e reunidos numa exposição, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e para que os normovisuais a pudessem conhecer à entrada colocavam uma venda colorida.

Na abertura da exposição, os formandos visitaram-na e reconheceram as peças, tanto as suas como as dos colegas. Manifestaram uma enorme sensibilidade, com uma interpretação recheada de cor e repleta de imaginação, bem como a capacidade de verbalizar o que sentem.

Atenderam ao pedido de Alberto Caeiro, ou não o fizessem no seu dia-a-dia pois, conhecer, observar e admirar algo, não se reduz ao olhar.

Ao longo da exposição, as interpretações dos visitantes normovisuais revelaram, por comparação, uma pobreza de sensações, observações, cor e caracterização.

Questione-se, quem reside na escuridão?