bordando sobre um tornado
no caminho que vamos traçando, nem sempre o passo é seguro. às vezes sofre oscilações e até momentos de viragem.
- Rendas e bordados s/ camadas de fazenda e entretela
- Dimensões: Variáveis
- 2008
Processo
Descrição
O tecido assume um sentido simbólico representando a vida. Assim, o percurso ao longo da mesma ganha a forma de espiral revelando as voltas que a vida dá, caminha para um afunilamento que certamente um dia terá fim.
Inspirado no trabalho de Hélio Oiticica, “Bordando sobre um tornado” é um “parangolé”, ou seja, uma peça que não existe por si que apenas tem sentido com o movimento e gestualidade da pessoa retratada na mesma.
O espaço de tempo percorrido está registado pela linha bordada, ora contínua, ora quebrada. Ao longo da vida, os passos que vamos dando sofrem oscilações. Por vezes, vemos a linha mais regular ou em conflito com o tecido – com a vida. Um culminar de diferentes momentos até à data. Neste sentido, o tecido bordado só ganha sentido quando envergado pela pessoa que o criou. De alguma forma, é uma auto-narrativa.
A performance revela uma rotação, um tornado, uma vida recheada de contratempos e acontecimentos vários, que por vezes nos sufoca. É sobre um mar de incertezas que temos de afirmar quem somos e optar pelo que nos parece correto. E todos os tornados deixam marcas da sua passagem. Tanto na peça, como na performance, sente-se que em certa altura da vida, há momentos decisivos, que fazem com que tome um rumo completamente diferente. Mais seguro, mais vivo, mas confiante, mais alegre, e com mais certeza e afirmação. Para mim, a mudança de contextos sociais e a entrada e saída de pessoas na minha vida, faz com que haja esses pontos de viragem.
A performance começa de um modo muito ingénuo, tímido e revela a dependência de um abrigo, mas com o envolvimento do tecido e do corpo, mostra o conflito vivencial em que por vezes nos encontramos e por fim, a queda, o cansaço. Ao cair, percebemos até que ponto estamos enredados na teia por nós criada.